Mas que droga de cabeça!

Programação, Religião, Política, Música, Futebol, Psicologia, Tecnologia, e outros pitacos leigos.

Depois de um longo e tenebroso inverno, cá estou eu, tendo tempo pra postar.

Certa vez, nos meus tempos de Icbeu, vi um artigo que se mostraria bastante inquietante nos anos posteriores;
Era um interpretação de texto do livro 3,falando sobre pessoas "Larks" e "Owls".

"Larks", se não me engano significa "Pardal" e "Owl" significa "Coruja". Então, o artigo se tratava da diferença entre pessoas "Pardais" e "Coruja" (é, eu peguei uma nota boa nessa exercício :D). Me chamou a(com crase ou sem crase? malditas novas regras da língua...) atenção
porque(junto e sem acento) o artigo falava à(com crase, pq no masculino ficaria "ao") minha vida diretamente, meu cotidiano, coisas que me incomodavam por me fazer parecer diferente das outras pessoas, coisas que me faziam me sentir como um Alienígena.

Explico: O Artigo falava sobre um ritmo biológico, que não era o mesmo a todas as pessoas. Falava que as pessoas possuíam ritmos biológicos diferentes, que, dependendo do período do dia, as pessoas tinham sua "energização" ou seu período de "ritmo mais lento". Em suma, pessoas "Lark", que eram a maioria, tinham seu período mais "energizado" no período manhã-tarde, e nas pessoas "Owl",esse período era "Tarde-noite". Isso explicava diversas coisas, como por exemplo, eu via "corujão" diariamente, como mesmo às vezes dormindo cedo, eu acordava extremamente cansado, o por quê(separado e com acento) do fato de eu preferir ajeitar minha mochila e farda na noite anterior ao invés, de fazer isso quando eu acordasse no outro dia, também o fato de eu esquecer de levar algumas coisas necessárias pro colégio e fazer o pobre do meu pai voltar em casa pra pegar, porque eu chegava atrasado no colégio, etc, et caetera. Ficou claro pra mim que eu era uma pessoa "Owl".

Um amigo meu chamado Silvio, provavelmente, depois dessa premissa, me diria que na verdade eu sou irresponsável, que deveria aprender a seguir as regras que são impostas, que eu procuro justificativas em doenças psicológicas pra justificar a minha irresponsabilidade, que eu sou um "hipocondríaco emocional", que quero ser diferente, e que eu não tenho embasamento suficiente pra me auto-diagnosticar dessa forma. Talvez ele esteja certo. Nunca fui um grande seguidor de regras, como todo bom filho de mãe autoritária. Talvez com essa argumentação dele, eu tentasse me policiar melhor, e verificasse que eu podia me comportar como as outras pessoas, como todos esperam de mim. Talvez...se não fosse esse cansaço que eu sinto durante o dia por muitos anos, e se não fosse o que um amigo meu, Engenheiro Civil, fazendo pós em Segurança do Trabalho certa vez me disse: - "Sérgio, o que você está me falando é uma verdade. Na aula de ontem vi que eles diagnosticam esses tipos de trabalhadores, colocam os de ritmo parecidos na mesma linha e dependendo do ritmo deles, aumentamos ou diminuímos a velocidade da linha. Isso evita acidentes de trabalho". É Silvio, dessa vez eu estou bem embasado. Foda-se, seu viadinho :D

Mas é uma pena que a maioria das empresas nas quais trabalhamos insistem em nos categorizar sempre da mesma forma. Elas mesmas perdem com isso. Por exemplo, dessa forma eu renderia muito mais no período tarde-noite, e essa empresa teria o benefício de ter meu potencial completo na jornada de 8 horas ao invés da jornada apenas da tarde+horas extras.

Bom, porque então estou citando essa história? Porque me encontro hoje em dia novamente em uma quebra de paradigma que me encontrei nos tempos do Icbeu. Hoje eu, além de Owl, percebi que também sou uma pessoa "Multi-tarefa". Mas que diabos vem a ser uma pessoa com essa denominação?

Era uma vez um Analista de Sistemas. Trabalha em uma empresa de software pra Radares. Seu chefe, um engenheiro eletrônico formado no ITA. Descendente de japoneses. mais straight, impossível. Criado por esse povo disciplinado, e ensinado numa instituição de militares, numa área lógica. Não cumprir seu horário de entrada, comum, às 8:00, obviamente seria um ultraje, um absurdo. Respeito plenamente. Mas. a despeito dessa vida pregressa, Nessa empresa sob o seu comando, um horário flexível é instituído. O que importaria eram os resultados, o horário de chegada não deveria ser tão rígido em detrimento à essa produtividade. Isso foi absorvido por esse Analista de Sistemas. Repentinamente, esse funcionário começou a chegar perto das 11:00 da manhã. Ficava até Às 22:00 da noite, o horário que dizia ser mais produtivo. Mas, no seu monitor durante o dia à mostra pra todos, o que se mostrava era um alternância entre a tela do webmail, o IM, alguma pesquisa no Google, algum artigo na wikipedia, a página das novidades dobre seu time de futebol preferido e a IDE em que ele realizava seu trabalho. Tudo levava ao pensamento que esse Analista estava claramente vilipedinando. Tudo, menos o fato de que suas tarefas estavam em dia ou até mesmo adiantadas.

O problema: Os outros funcionários poderiam pensar que poderiam "chegar tarde" e "enrolar". A empresa viraria um caos. Tudo por causa daquele funcionário que insistia em quebrar as regras, ir de encontro à empresa.E apesar da produtividade daquele "colaborador", não se podia perder a autoridade. Aquela pessoa diferente das demais deveria adequar-se ou sair. E aquele funcionário se adequou...e a empresa perdeu com isso. Porque aquele Analista não estava "enrolando". Ele tinha a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, de se adaptar a novos estímulos, de saber alternar entre as tarefas sem deixar que, no marco final da sua cobraça, suas tarefas não ficassem sem conclusão.

Aquele Analista gostava de se pôr à prova, de deixar algumas coisas se acumularem, e, no seu tempo remanescente, resolver várias coisas e se sentir capaz e fazê-lo. Na cabeça dele, o que importava era o resultado, seu esforço, sua arte, sua capacidade consumada, validada e atestada, com técnica e habilidade. Mas apesar disso, ele seria conhecido, caçoado e famigerado como o "enrolão". Triste sina pra quem acaba por ser diferente da maioria, do todo. Mas, apesar disso, apresentar resultados, respostas à empresa à sua contratação similares ou até melhores do que os comuns. Triste ironia. O Status Quo da empresa mais importante do que seus resultados. Onde está o final feliz desse conto de fadas? Sem final feliz, quando não se trata de um conto de fadas. Mas toda dissertação merece ao menos um "moral da história".

E o moral da história é o seguinte: Se você é um empreendedor, dono de uma empresa, já quebrou um paradigma, nessa realidade das faculdades brasileiras, que nos prepara pra ser técnicos de empresa. Você, ao invés de ser um mero técnico, super especializado ou não, consciente ou não, seguiu o chamado do seu talento, da sua vocação, e abriu um empresa e contratou outros técnicos. Verifique que existem pessoas com as mais diversas características, e pare de julgar essas pessoas sempre pelas mesmas métricas, Disciplina se mede, mediante as regras que a define; Criatividade não. O que mais pesa pra sua empresa? O que define a força de um negócio?

Funcionários "disciplinados" e/ou criativos, e quais deles realmente dão resultado? E se nesse caso, os disciplinados, cumpridores de horários, são tão produtivos quanto os "multi-tarefas"? Convém atentar pro fato de que , se sua empresa for realmente, eu digo realmente, flexível, você vai conseguir extrair o melhor de cada um das características de cada mundo. E os resultados obviamente serão completos. Funcionários felizes. Acionistas Felizes. Você feliz. Não foi tão ruim assim, foi?

1 comentários:

concordo com o silvio.

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